AUTORES EM PSICANÁLISE
Psicanalistas, escritores, médicos, filósofos, pacientes etc. e suas contribuições para o campo psicanalítico.
(Esta é uma lista colaborativa - para correções, complementos e sugestões de autores entre em contato.)
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HERBART, JOHANN FRIEDRICH
(Alemanha*1776+1841) Filósofo da educação, matemático. Fundou a pedagogia como disciplina acadêmica. Estudioso de Kant, foi um de seus sucessores de sua cadeira na universidade de Königsberg. Foi um dos primeiros no século XIX a buscar uma fundação da psicologia como disciplina autônoma. Propôs um modelo do psiquismo baseado em conceitos matemáticos de continuidade, intensidade e variação. As representações mentais estariam em um sistema mecânico a partir destas propriedades matemáticas, em uma contínua disputa que as colocaria abaixo ou acima do “limiar” da consciência, conforme sua maior ou menor força. Ainda que as aproximações com a psicanálise sejam inevitáveis, não há indícios históricos ou textuais de uma influência direta sobre Freud, embora este o conhecesse, ao menos indiretamente. De qualquer forma, seu espírito científico e empírico para a psicologia estava presente no meio cultural que formou Freud. “modelo econômico e dinâmico da mente”, “psicologia científica”.
BÖRNE, KARL LUDWIG
(Alemanha*1786+1837) Escritor favorito de Freud aos 14 anos, e possivelmente uma fonte importante para sua futura autoanálise e para o método associativo com os pacientes. Escreveu "A arte de se tornar um escritor original em três dias": “Tome umas poucas folhas de papel e durante três dias consecutivos escreva nelas, sem mistificação ou hipocrisia, qualquer coisa que vier à sua cabeça. Escreva o que pensa sobre si mesmo, de suas mulheres, da guerra turca, de Goethe, do caso criminal Fonk, do Juízo Final, dos que se acham acima de você na hierarquia da autoridade - e quando se tiverem passados esses três dias você ficará espantado diante dos pensamentos originais e surpreendentes que saíram de sua mente.”
FECHNER, GUSTAV THEODOR
(Alemanha*1801+1887) Filósofo, psicólogo e físico, é um pioneiro na psicologia experimental (juntamente com Wilhelm Wundt e Hermann von Helmholtz), sendo o fundador da psicofísica. Foi dele que Freud absorveu a concepção de um “princípio do prazer”, assim como uma concepção dinâmica e energética da mente. “lei Weber-Fechner” (relação não linear entre intensidade de estímulo físico e sensação psicológica), “paralelismo psicofísico”.
MILL, JOHN STUART
(Inglaterra*1806+1873) Filósofo, economista, político. Pensador fundamental para o liberalismo clássico, também contribuiu para a reflexão sobre o método científico. Freud traduziu um ensaio seu sobre Platão para o alemão, por indicação do professor Franz Brentano. “utilitarismo”, “método indutivo”.
DU BOIS-REYMOND, EMIL HEINRICH
(Alemanha*1818+1896) Médico, fisiologista. Desenvolveu a eletrofisiologia experimental moderna, sendo o descobridor do potencial de ação das células. Lecionava termodinâmica e Darwin na Universidade de Berlin. Foi uma das figuras fundamentais na abordagem científica materialista da fisiologia. “bioeletricidade”, “impulso nervoso”.
BRÜCKE, ERNST WILHELM RITTER VON
(Alemanha*1819+1892) Médico, fisiologista. Fundou o que veio a ser a Sociedade Alemã de Física, com Emil Du Bois-Reymond, Hermann von Helmholtz e outros. Foi um dos proponentes de uma fisiologia que propunha abordar a biologia de uma perspectiva física e química. Freud foi um destacado assistente em seu laboratório (juntamente com os colegas Josef Breur, Ernst Fleischl von Marxow e Joseph Paneth), de 1876 a 1883. Dentro de uma rigorosa abordagem positivista, dedicou-se aos variados estudos das células nervosas, óptica, pigmentação das células etc., e contribui também para o estudo da fonética. Freud o considerava sua maior influência.
BRÜHL, CARL BENHARD
(República Tcheca/Áustria*1820+1899) Médico, professor de anatomia comparada da universidade de Viena. Fazia conferências gratuitas e abertas às mulheres, algo muito fora do habitual naquela época. Sua conferência "Sobre a natureza" teve papel decisivo na escolha de Freud por medicina. Foi atribuída erroneamente por ele a Goethe; o ensaio, de 1783, é de autoria do escritor suíço Georg Christoph Tobler. Uma tradução foi publicada no primeiro número da revista Nature, em 1869, também erroneamente atribuída a Goethe. “Nature! We are surrounded and embraced by her—unable to step out of her and unable to penetrate her more deeply.”
HELMHOLTZ, HERMANN LUDWIG FERDINAND VON
(Alemanha*1821+1894) Médico, físico e matemático. É um dos pioneiros nas bases da psicologia experimental, testando com precisão no laboratório várias noções advindas da filosofia. Foi bastante influenciado por Kant e Fichte. “teoria da visão”, “percepção”, “oftalmoscópio”, “ressonância de Helmholtz”, “termodinâmica química”, “lei da conservação de energia”, “velocidade da transmissão nervosa”.
CHARCOT, JEAN-MARTIN
(França*1825+1893) Neurologista, anotomista, considerado um dos fundadores da neurologia moderna. Seu trabalho foi fundamental para a compreensão, depois, da doença de Parkinson. Trabalhou e era referência no Pitié-Salpêtrière Hospital, tendo sido professor de Sigmund Freud, Joseph Babinski, Pierre Janet, William James, Pierre Marie, Albert Londe, Charles-Joseph Bouchard, Georges Gilles de la Tourette, Alfred Binet, Eugen Bleuler e Albert Pitres. Foi de importância fundamental para a mudança dos interesses de Freud, da pesquisa acadêmica em neurologia para a clínica das psiconeuroses. Introduziu a histeria como interesse médico sério. “esclerose múltipla”, “esclerose lateral amiotrófica”, “hipnose”, etiologia psicológica da “histeria”.
HAMMERSCHLAG, SAMMUEL
(Áustria*1826+1904) Educador, foi professor de religião e hebraico de Freud desde os seus quatorze anos até o fim do ensino médio (1973), tornando-se uma figura estimada e amiga. Auxiliou-o financeiramente em seus estudos na medicina. Sua filha, Anna (conhecida como Irma), foi paciente de Freud. Seu filho, Paul, casou-se com a filha de Josef Breuer, Bertha.
WUNDT, WILHELM MAXIMILIAN
(Alemanha*1832+1920) Psicólogo, filósofo e médico fisiologista. É um dos fundadores da psicologia moderna, como um domínio próprio e intermediário de conhecimento, e não apenas uma extensão da biologia ou da filosofia. Fundou o primeiro laboratório de psicologia na Universidade de Leipzig, em 1879. Foi assistente de Helmholtz. Seu pensamento é bastante marcado pelo racionalismo de Leibniz. “psicologia fisiológica”, “epistemologia”, “psicologia da linguagem”, “filosofia e psicologia”, “psicologia experimental”, “psicologia animal”, “psicologia cultural”, “paralelismo psicofísico”, “apercepção”, “consciência”.
DILTHEY, WILHELM
(Alemanha*1833+1911) Filósofo da hermenêutica. Foi figura fundante para as disciplinas das humanidades, que também fizeram parte de seus estudos. Foi um dos sucessores da cadeira de Hegel, na Universidade de Berlin. Foi também uma das principais figuras nas “querelas dos métodos”, que curiosamente pouco interessaram a Freud. De modo um pouco tardio, e à parte dessa relevante discussão para as humanidades que começavam a despontar de modo independente no campo do conhecimento, Freud manteve a perspectiva da psicanálise como parte das ciências da natureza. “método científico”, “método explicativo e método compreensivo”, “ciências do espírito (Geisteswissenschaften) e ciências da natureza (Naturwissenschaften)”.
MEYNERT, THEODOR
(Alemanha/Áustria*1833+1892) Anatomista e psiquiatra, ajudou Freud em sua seleção para residência no Hospital geral de Viena. Psiquiatra da clínica Kassovitz, convidou Freud a participar de seu laboratório quando este começou a trabalhar lá, logo que retornou da França. Mantinha com Freud uma relação ambivalente. Era categoricamente contra os estudos sobre hipnose, e criticava a ideia de histeria masculina (que admitiu para si próprio, ao final da vida). Considerado fundador da pesquisa científica do cérebro. “localização funcional no córtex”.
STRICKER, SALOMON
(Hungria/Áustria*1834+1898) Patologista e histologista, foi assistente no Instituto de fisiologia de Brücke. Foi pioneiro e professor de patologia experimental de universidade de Viena, em cujo laboratório Freud desenvolveu parte de sua pesquisa com cocaína. Foi lá também que Carl Koller levou adiante as indicações de Freud, estabelecendo as bases da anestesia local moderna. Freud o cita na interpretação dos sonhos. “extravasão dos Leucócitos”, “estudos da consciência”, “Se eu tenho medo de ladrões em meu sonho, certamente os ladrões são imaginários, mas o medo que sinto deles é real.”
CLAUS, CARL FRIEDRICH WILHELM
(Alemanha*1835+1899) Zoologista, anatomista e darwiniano em cujo laboratório de zoologia Freud trabalhou, ao voltar da visita à Inglaterra, aos 19 anos (fez estágio em Trieste, dissecando enguias para testar a afirmação da existência de gônadas masculinas). Foi oponente das ideias de Ernst Haeckel. “fagócitos”.
MACH, ERNST WALDFRIED JOSEF WENZEL
(Áustria*1838+1916) Físico, filósofo. Estabeleceu importantes princípios da óptica e da mecânica de ondas. Influenciou Einstein em sua teoria da relatividade. Concebia as ciências naturais como uma organização conceitual sempre apoiada na percepção e nos dados sensórios verificáveis. Interessava-se pela psicologia da sensação. “ondas de choque”, “número de Mach (relação entre as velocidade do som e do objeto em movimento)”, “senso de equilíbrio” (simultaneamente com Josef Breuer).
BRENTANO, FRANZ CLEMENS HONORATUS HERMANN JOSEF
(Alemanha*1838+1917) Filósofo, psicólogo e padre católico. Foi professor de Freud em seu primeiro ano de faculdade. Com ele, Freud leu Aristóteles em profundidade, e trabalhou na tradução de um livro de Stuart Mill. Foi professor, além de Freud, de Edmund Husserl e Max Wertheimer, entre outros. Defendia a adoção do método das ciências da natureza para o conhecimento filosófico. “ciências do espírito e ciências da natureza”, “intencionalidade”.
KRAFFT-EBING, RICHARD VON
(Alemanha/Áustria*1840+1902) Neuropsiquiatra, foi presidente Sociedade Neurológica de Viena. Era cético quanto à etiologia não fisiológica - e sexual - das psiconeuroses. Considerava qualquer aspecto do sexo que não fosse o procriativo como perversão. Autor do seminal “Psychopathia Sexualis: eine Klinisch-Forensische Studie (1886)”, “sadismo”, “masoquismo”, “fetichismo”, “homossexualidade”, “bissexualidade”, “heterossexual”.
BERNHEIM, HIPPOLYTE
(França*1840+1919) Médico e neurologista, que se utilizava da hipnose (em uma abordagem antagonista a Charcot, “escola de Nancy”), e a quem Freud visitou em 1889, para entender melhor a técnica. Foi gradualmente modificando o uso da hipnose com os pacientes para o da sugestão, em estado de vigília. Freud tinha já traduzido um livro seu, no ano anterior. “ação psico-terapêutica” (Daniel Hack Tuke), “sugestão”, “memórias falsas”.
NOTHNAGEL, CARL WILHELM HERMANN
(Alemanha*1841+1905) Importante médico vienense, diretor do hospital geral de Viena, pediu a Freud o trabalho sobre as paralisias infantis (que o atormentou entre o final de 1895 e meados de 1896, já na fase de transição de seus interesses para as psiconeuroses), quando fez seu estágio na França (out.1885/fev.1886) e acabou procurando por Charcot. “Síndrome de Nothnagel” (paralisia ocular e ataxia cerebelar).